sábado, 30 de novembro de 2019

Exportação de carne: a tempestade QUASE perfeita!

Esta análise é um pouco longa, mas basicamente diz que o preço atual da carne remunera bem o produtor, e que a gritaria sobre alta dos preços é conduzida pelo lado dos grandes exportadores e dos grandes supermercados, que querem manter a margem de lucro.


Consequência para o mercado internacional: o comprador estrangeiro pode se beneficiar da compra direta de carne junto a pequenos e médios produtores, pulando os grandes players. 








quarta-feira, 27 de novembro de 2019

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Brazilian Law Blog: When will Brazil regain the investment grade?

Brazilian Law Blog: When will Brazil regain the investment grade?: This report from Novus Capital, an investment management firm, shows that, by 2027, Brazil may reach an acceptable debt to GDP ratio for...

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Contratos de aluguel de garantia bancária - BG e SBLC. Os "collateral transfer agreements"

As cartas de crédito Standby, usualmente conhecidas como Standby, representam uma das maiores fontes de crédito no mercado internacional. 

O funcionamento delas é uma mistura de título de crédito (tal como uma nota promissória) e de garantia bancária (BG). 

Uma instituição financeira emite uma promessa de pagamento em favor de terceiro. Essa promessa tem as características de uma Carta de Crédito comum, utilizada no pagamento de exportação. 

Todavia, a promessa de pagamento não é contra a entrega de um determinado produto, como na carta de crédito usual. Ela tem uma data certa, no futuro (daí vem o termo "Standby", que quer dizer mais ou menos "na espera"). 

O beneficiário que recebe a Standby tem em mãos, essencialmente, um cheque pré-datado, ou uma nota promissória. 

Na prática do mercado, o beneficiário vai dar esta Standby como garantia de um empréstimo que vai ser dado pelo banco do beneficiário. 


Ou seja, a Standby virou um ativo de garantia. Pense num imóvel que sofre uma hipoteca, ou numa joia dada em penhor. 

A diferença e que a Standby é uma garantia financeira e sua dação em garantia é mais jurídica do que física. Algo como dar uma nota promissória em garantia, mas sem necessidade da entrega física da nota promissória. 


O nome técnico da operação é "collateral transfer agreement" - contrato de transferência de garantia. 

O mais próximo em português é o instituo do seguro fiança, que tem quase a mesma natureza. 

As Standby são muito utilizadas no mercado, mas pouco estudadas. O que é imerecido, pois a regulamentação internacional é bem rica. Por exemplo:

Publicação ICC (Câmara Internacional de Comércio) - ISP98
Publicação ICC (Câmara Internacional de Comércio)  - UCP 600
United Nations Convention on Independent Guarantees and Stand-by Letters of Credit 


Como todo mercado opaco e que envolve grandes somas, o mercado de Standby é cheio de picaretas, bandidos, golpistas e amadores. A maior parte dos anúncios que vejo a respeito têm todos os indícios de golpe. 

Os negócios de "collateral transfer" realmente sólidos em geral envolvem empresas que já têm algum acesso a crédito, mas precisam de uma garantia adicional para viabilizar uma operação especial, ou reduzir a taxa de juros, etc. 




quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Como pedir empréstimo no novo banco dos BRICS



Aqui está o que eu pude concluir sobre os meios de acesso ao NDB, o Banco dos Brics. 

Estrutura administrativa

Em termos administrativos, o Banco é centralizado na China. Por exemplo, o contrato padrão de fornecimento de bens e serviços ao banco prevê aplicação da lei chinesa e arbitragem na China. 

Isso quer dizer que a organização do banco está bem assentada na China, incluindo aí compra de computadores, contratação de funcionários e diretores, etc. 

Somente agora, no ano 2019, é que o escritório brasileiro do banco entrou em operação. A CNI teve função importante na abertura do escritório doméstico do banco, cedendo espaços, infraestrutura de dados, equipamentos e pessoas para a imediata operacionalização do Banco.

Estou dizendo isso porque, ao que tudo indica, o centro decisório e jurídico continua sendo a China. Assim, os projetos devem ser elaborados tendo isso em mente. 

Apetite para Financiamento

Em relação ao Brasil, sem dúvida o Banco dos BRICS só pensa em infraestrutura. 

Prova disso é que tanto o memorando de entendimento com o BNDES quanto o memorando com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) mencionam projetos de infraestrutura e desenvolvimento no Brasil e América Latina. 

De fato, numa conversa que tive com eles, o analista me informou que 

"o banco está em busca de projetos na área de infraestrutura física, tais como eletricidade, transporte e suprimento de água". 


Aspectos Geopolíticos e estratégicos dos projetos

Não basta que o projeto a ser financiado envolva Infraestrutura. Ele deve, idealmente, estar alinhado aos objetivos geopolíticos do bloco BRICS. 

O site do banco destaca um projeto Portuário no Brasil. Trata-se do Porto São Luís, no Maranhão. 

O projeto está captando financiamento de 300 milhões de dólares. 

Na descrição, é possível ler que "O projeto está estrategicamente localizado para aumentar a capacidade da região Norte de escoar a produção da fronteira agrícola brasileira (...) e facilitará a exportação de grãos originados do Centro-Oeste e a importação de fertilizantes (...).

É óbvio que a exportação de soja atende o interesse da China e a importação de fertilizantes atende interesses econômicos da Rússia. Há um alinhamento ideal entre expectativas geopolíticas e econômicas. 

Não é para menos que o banco topou financiar o projeto. 

Parceria com o BNDES

O memorando de parceria do banco dos BRICS com o BNDES menciona várias formas de cooperação em projetos de financiamento, v.g. contragarantias e cofinanciamento (loan syndication), etc.

Isso abre algumas possibilidades interessantes para trading finance, por exemplo: 

-Um projeto de produção e exportação de grãos pode receber um financiamento do banco dos BRICS, sob a forma de uma carta de crédito emitida a pedido de um comprador chinês (ou seja, como se o comprador chinês estivesse garantindo que fará a compra no futuro).  Esta carta de crédito emitida em favor da empresa brasileira produtora de grãos pode ser usada como garantia de um outro empréstimo, local, a ser obtido junto ao BNDES. 

-As empresas chinesas não podem comprar terras no Brasil. Por isso, não aceitam hipotecas de imóveis como garantia. Mas o BNDES pode aceitar hipotecas. Assim, o BNDES pode tomar os bens em garantia e emitir uma contragarantia (uma garantia bancária, por exemplo) para o banco dos BRICS. Desta forma, o banco dos BRICS pode conceder empréstimos como se tivesse uma hipoteca indireta sobre fazendas ou outros imóveis. 


Conclusões

Então, o que podemos concluir?

O Banco dos BRICS deve ser procurado se você tiver em mãos um projeto; 

a) de infraestrutura ou energia;

b) que atenda interesses chineses, russos ou indianos, por meio da venda de produtos que eles desejam ou da importação de produtos que eles fabricam;

c) que permita operações de financiamento em parceria com o BNDES. 

Para finalizar:

1) o presidente atual do banco é um indiano e participou recentemente do  IV Fórum de CEOs Índia Brasil,  organizado pela Câmara de Comércio Índia Brasil.  Ele é banqueiro de carreira  e parece ser uma pessoa razoavelmente acessível;

2) o fato de que o escritório doméstico funciona com o apoio da CNI indica que projetos que envolvam a contratação de maquinário brasileiro terão ainda mais sinergia com os objetivos do banco, pois atenderão interesses estratégicos do Brasil. 





segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Conta em moeda estrangeira do BS2 (Bonsuceso) e Nomad - Economia no IOF e ITCD

Hoje fiquei surpreso com uma manchete:


BS2 lança conta online em moeda estrangeira com cartão de débito - 18/11/2019 - Mercado - Folha


Eu gosto muito do BS2 (antigo Bonsucesso). Afinal, ele é mineiro.

Mas mesmo sendo mineiro, não tem como o BS2 ter criado uma conta em dólar, porque o Banco Central ainda não regulamentou essas contas.

O que a reportagem quer dizer é que o banco criou um sistema em que o cliente tem duas contas bancárias:

-Uma no Brasil, em real;
-Uma em Dólar, nos EUA.

Com facilidade de enviar dinheiro de uma conta para a outra.

Essa solução já vinha sendo utilizada por alguns clientes meus, de forma espontânea. A criação de um produto institucional vem em boa hora, porque a operação avulsa dá algum trabalho.

A Nomad, outra fintech, tem um produto similar.

Vantagens desse tipo de transferência entre contas da mesma titularidade

-Economia de alguns pontos percentuais se compararmos com o custo do cartão de crédito

No cartão o IOF é pouco mais de 6%, neste tipo de transferência é 1,1%. E os cartões também adotam um câmbio que, na prática, é pouco previsível para o cliente. Com essa transferência é possível negociar a taxa de conversão diretamente com o banco.

-Doações ao exterior mais baratas. 

A doação ao exterior ainda paga ITCMD, em geral de 4% (depende do estado em que o doador mora). Mas a Receita Federal recentemente inventou, de forma ilegal, uma tributação de 15% sobre o envio de dinheiro ao exterior para a finalidade de fazer doação. Com essa conta, esse imposto fica afastado, pois o dinheiro é enviado ao exterior como remessa a si mesmo e a doação só acontece depois, saindo de uma conta que já está no exterio.


CUIDADOS

A conta no exterior tem que ser declarada no imposto de renda.

Quem  mantém mais de 100 mil dólares no exterior (seja em dinheiro ou outros ativos) tem que entregar uma declaração anual ao Banco Central, o Censo de Capitais Brasileiros no exterior.